Pesquisa sobre O Movimento Punk
1. Introdução
O punk nasceu em Londres como um movimento de vanguarda anarquista, protestando e atacando uma sociedade estagnada em seus próprios vícios. O seu lema era: Do It Yourself! Que quer dizer “faça você mesmo”. Em 1976 os punks criaram a sua própria imprensa, o “fanzine” uma espécie de jornal feito em xerox no qual, quem fazia, expressava suas idéias.
Ele se tornou o porta voz do movimento que se deflagrava como uma revolução de estilo com muito sentimento. Muitos acharam que era uma onda passageira, mas o movimento se firmou, cresceu e tomou um rumo mais consciente e verdadeiramente ligado a uma faixa da juventude que se rebela contra a hipocrisia, o conformismo, o tédio, a miséria, o militarismo e contra o mundo levado nos desperdícios e nos privilégios.
Durante muito tempo a mídia combateu os punks criando clichês de marginais, bêbados, sujos e violentos. Sem que, ao menos, se pronunciasse o outro lado da história.
2. A música punk
A música punk começou em Nova York por volta de 1974(porém, em 1968, Iggy Pop já fazia música com três acordes com os Stooges) com as bandas Ramones, Television, Blondie, entre outros.
O rock andava “muito estrelinha” e a garotada de saco cheio daqueles solos demorados e, sem grana pra entrar nos shows, começaram a fazer suas próprias bandas, o resultado foi o punk-rock com 3 acordes apenas e letras que falavam do subúrbio, do cotidiano e decepções amorosas. Mas era na Inglaterra que o “Movimento Punk” estava para surgir.
3. O movimento
O punk na Inglaterrra surgiu de uma necessidade. Pintou a famosa crise e com ela o desemprego, a falta de perspectivas ante o futuro incerto, gerando revolta quanto à falta de dinheiro e os jovens não sabiam mais o que fazer. Até que Malcom Mclaren, dono da loja Let it Rock retorna de Nova York, numa tentativa frustrada de empresariar os New York Dolls, uma banda pré – punk cujos integrantes se vestiam com um visual de artigos de couro e depois de assistir a um show dos Ramones.
Então ele percebe que numa banda vale muito mais a atitude do que o próprio som. Ele muda o nome de sua loja para Sex e “monta” uma banda com os freqüentadores da loja. Está formado o grupo dos Sex Pistols. Suas primeiras apresentações são toscas, mas o público gosta, afinal era hora de mudar alguma coisa no rock. Tinha até um grupo de seguidores da banda, o Bromley Contingent.
A música punk era básica: guitarra, baixo, bateria, vocal e amplificadores baratos. As garotas “carregavam” o rosto de maquiagem e o corpo com muitas cores ou simplesmente o preto total. Começaram a surgir várias bandas tais como: The Clash, The Damned, The Adverts, Siouxsie and the Banshees, Subway,etc…O estilo criado pelo movimento punk causou um impacto muito grande nas cidades. Eles queriam mudar os sistema. Garotos fazendo um som nas garagens com roupas rasgadas, muitas bandas surgiram assim.
Sai o primeiro single punk, New Rose do The Damned, e em seguida Anarchy in the UK (Anarquia no Reino Unido) do Sex Pistols. A “porrada” acertou o alvo – o império britânico e seus valores – mas não derrubou por completo o adversário. Os Pistols eram apenas conhecidos no gueto de onde surgiram. Mas a televisão encarregou-se de levar o punk a todos os lares ingleses.
No dia 1º de dezembro de 1976, os Pistols e outros punks são os astros de um dos programas de maior audiência da tv inglesa, levado ao ar às 5 da tarde, a famosa hora do chá, na qual famílias concentram-se frente à tv. Depois do programa, 2 milhões de britânicos passam a amar ou odiar os Sex Pistols. Motivo: pela primeira vez a expressão fuck off (foda-se) é falada diante das câmeras por Johnny Rotten, o vocalista dos Pistols. E ainda chamam o apresentador (uma espécie de Jô Soares inglês) de bastardo e sujo.
A imprensa execrou o episódio, detonando os Pistols por completo e, de quebra, levando o movimento punk às primeiras páginas de todos os jornais.. Em seguida, às vésperas do Jubileu de Prata da Rainha, sai o single “God Save the Queen” (Deus Salve a Rainha) que chamava a Rainha Elizabeth II de idiota e dizia que seu regime era fascista
As igrejas organizavam protestos contra os punks, os funcionários das gravadoras ameaçavam fazer greves se tivessem que prensar os discos, e para surpresa de todos, no dia do Jubileu, os Pistols alugam um barco e saem navegando e tocando em pleno Rio Tamisa vociferando contra o império britânico.
Sid Vicious entra no lugar de Glen Matlock. Sid Vicious era o cara mais louco que existia, sempre chapado, vivia arrumando confusão. Ele que inventou o “pogo”, uma dança que consiste em dançar no mesmo lugar.Os Pistols lançam o disco Nevermind the Bollocks, Heres the Sex Pistols (Abaixo os Culhões, aqui estão os Sex Pistols) que fica no topo das paradas inglesas, que inclusive omitiram o primeiro lugar deixando em branco a 1ª posição. Os lugares começam a rejeitar os Pistols, então eles tem que inventar codinomes, do tipo: SPOTS (Sex Pistols on tour secret),etc…. Depois vem a tournê pelos EUA, e o fim da banda. Um ano depois Sid Vicious morre de Overdose.
A mídia declara o punk como morto. E realmente estava em baixa, mas não morto. Nos subúrbios surgia uma nova geração de jovens insatisfeitos com o sistema, era a segunda onda punk, a Punks not Dead.
4. Punks Not Dead
No final de 1979, o punk da inglaterra estava declinando. Algumas das bandas clássicas já haviam acabado e as que ainda existiam estavam ligadas a gravadoras grandes para a época e dependiam de algum sucesso comercial para sobreviver. A indústria cultural viu no punk uma nova forma de ganhar dinheiro, e contratou todos os grandes nomes do movimento A solução foi experimentar sons mais pataláveis embarcando na onda do New Romantic e New Wave. Undertones, Wire, Ultravox, Jam e até o Clash tiveram que se socializar.
O que sobrou de realmente punk foi dividido grosseiramente em 2 grupos: um das bandas das primeiras gerações que teimavam em fazer punk-rock(Ramones, Buzzcocks, Sham 69, Stiff Litle Fingers, etc…) e um outro grupo de bandas novas e underground.
O som dessas bandas novas era bem mais cru e direto que o de seus predecessores, com um visual mais agressivo e mais ou menos uniforme, letras menos “artísticas” e mais voltadas para o cotidiano de guerras, injustiças, confrontos com a polícia. Era o chamado “Punks not Dead” (ou hardcore inglês).Dentre as primeiras bandas dessa nova geração estavam Varukers, GBH, One Way System, English Dogs, Exploited,etc…
A banda Exploited lançou um LP chamado “Let´s start a war… said Maggie one day” (Vamos começar a guerra….disse Maggie um dia) em que falava sobre a Guerra das Malvinas, em outro Lp ele conversa com a secretária de Margareth Tatcher (Maggie). Era pura agressão ao sistema!
5. Punk/Hardcore Americano
As primeiras bandas punks americanas eram Ramones, television, etc…Era um rock básico de 3 acordes e tocado com muita energia.Tinha um clube chamado CBGB onde os Ramones se apresentavam. Eles eram garotos do subúrbio nova yorquino e estavam sempre se drogando, tanto é que escreveram a música “Now I Wanna Sniff Some Glue” que falava sobre cheirar cola. Suas músicas eram simples e falavam sobre o que vivenciavam, sobre usar drogas, a namorada, etc., mas na Califórnia uma vertente violenta, seca e desagradável surgia. Era o Hardcore Punk uma música ultra rápida, cada vez mais despida de rockismos (solinhos, ranço hard-rock), uma nova batida de bateria,enfim, eram bandas que pegavam o punk, tiravam dele apenas o que achavam essencial e jogavam o resto no lixo.
Da mesma forma o público também era “mais rápido”, “mais agressivo”, e mais jovem. As letras agora eram contra o governo e as autoridades. Essa nova cena era formada por surfistas/skatistas/gangueiros adolescentes com cabeças raspadas, músculos exercitados pelos esportes radicais, brigas e vandalismo e um ódio mútuo pela polícia mais violenta dos EUA, o LAPD (departamento de polícia de Los Angeles).
Muitas das bandas punks de Los Angeles, como Dils, Germs, e o Black Flag eram muito mais podres do que qualquer coisa da época em qualquer lugar do mundo. A política dos Dils era Marxista linha-dura. Os Germs seguiam o niilismo de Iggy Pop e Sid Vicious. Em São Francisco uma banda com um nome extremamente chamativo começava a se destacar. Era o Dead Kennedy´s, uma banda com letras altamente politizadas que iam contra a MTV, o governador Jerry Brown, o Presidente Ronald Reagan, as religiões, etc…A banda incomodou tanto que o vocalista Jello Biafra se candidatou à prefeito de São Francisco ficando no 4º lugar. Hoje em dia ele dá palestras anarquistas e tem uma gravadora punk.
O pogo estilo inglês é trocado pelo Slam Dancing (porradaria, mosh , rodas) A violência estética finalmente se transformava em violência física, ainda que de maneira “camarada”, entre parceiros.
Da mesma forma o ódio à autoridade se transforma em algo real. Shows do Black Flag eram freqüentemente perturbados pela tropa de choque, e não era raro haver helicópteros da polícia sobrevoando as casas noturnas.
Nos anos 90, surgiram outras bandas punks boas, tais como Casualties, Total Chaos, Defiance, porém também surgiam o que a mídia chama de hardcore melódico. São bandinhas como Blink 182, Offspring, etc…Mas elas não chegam nem a unha do que é o verdadeiro hardcore tocado com energia, garra e velocidade. São apenas bandas comerciais, não são bandas punks.
6. O Punk no Brasil
As primeiras bandas brasileiras eram Condutores de Cadáveres, AI-5 e Restos de Nada. A Rede Globo fez uma matéria sobre o punk na Inglaterra e isso causou um impacto entre os jovens brasileiros. Aí a Revista Pop que era uma revista de rock que vinha acompanhada de um vinil lançou um disco chamado “A revista Pop apresenta o punk-rock”. A partir desse dia a molecada que escutava Led Zeppelin e Deep Purple passou a perceber que não era aquilo que elas queriam, era uma música mais vibrante e mais direta, uma música que expressasse o que elas sentiam.
O punk começou a crescer, os sons ainda eram escassos, mas quando ocorria vinha um monte de gente de tudo quanto é quanto.Abriu-se uma loja no Shopping Grandes Galerias (atual galeria do rock)chamada Punk-Rock Discos e lá era o ponto de encontro dos punks que iam descolar uma fita k7 e trocar uma idéia. Eles se reuniam também no Largo de São Bento.
Em 1982 o movimento punk estava muito forte, várias bandas já existiam como Inocentes, Fogo Cruzado, Cólera, Psikóse, etc…e foi organizado o primeiro festival punk denominado “O começo do fim do mundo” e reunia 20 bandas punks que tocaram para mais de 5000 punks no Sesc Pompéia. Mas a vizinhança, assustada com jovens de cabelo moicano e roupas rasgadas, acionaram a polícia que chegou fulminante e acabou com o festival.
Depois disso a nossa querida Rede Globo fez dezenas de reportagens difamando o punk, mostrando apenas a parte podre do movimento e ocultaram a verdade, sobre o que lutavam, porque estavam ali, etc…Essas reportagens que falava que os punks eram drogados, bandidos, marginais, fizeram com que a polícia repreendesse muitos punks e fez com que muitos largassem o movimento. Os que resistiram ficaram na galeria e iam aos sons que rolavam no subúrbio.
Porém, no final dos anos 90 outra explosão punk acontece, mesmo sem o impacto da primeira, a nova geração tem a oportunidade de assistir e participar do Festival “A um passo do fim do mundo” e o “Fim do Mundo” que foi realizado no Tendal da Lapa e contou com a presença de mais de 6000 punks. Quase não ocorreram incidentes a não ser, o fato de um ônibus de corinthianos que saiu xingando os punks e deu a maior confusão, com a polícia prendendo e batendo em alguns punks. Esses festivais celebraram os 25 anos de punk e mostraram que o punk não está morto, ao contrário, está muito forte e, prestes a provocar uma explosão de revolta nas pessoas.
Os verdadeiros punks não são esses “for funs” que só gostam de zoar e não estão nem aí pra nada, são jovens rebeldes que lutam conta esse sistema opressor , essa política mal elaborada e proclama a anarquia como forma de luta.
7. Punk no Mundo
Em praticamente todos os países têm punks. Na Europa, mais precisamente na Alemanha rola o Chaos Day, onde os punks fecham a rua e começam a tocar durante todo o dia. Na Inglaterra todo ano tem o festival “Holidays in the Sun” onde 160 bandas tocam em 4 palcos alternados e reúnem mais de 8000 punks.
Na Finlândia e Suécia o punk também marca presença, com muito ativismo e fúria contra o capitalismo. Em vários países inclusive o Brasil existem comunidades chamadas Squats que são prédios ocupados por punks. É o lema Ocupar, Resistir, Produzir.
O punk se comunica via cartas, fanzines, e-mail com punks de todos os lugares do mundo, para se ter uma idéia, no tempo da antiga URSS já existiam pichações em Moscou de punks. E o que é interessante é que os punks apóiam, organizam e vão a protestos contra a globalização, contra o FMI, a ALCA, contra o neo-nazismo, etc…
No Brasil, todo ano tem protesto no dia 1º de maio. No ano 2000, cerca de 50 punks foram detidos por estar protestando na Av. Paulista. A polícia prendeu-os alegando que estavam obstruindo via pública. Em novembro de 2001 teve o N9 City Tour que foi um passeio pela cidade, que saiu da praça da Sé e terminou na Av. Paulista. Era um protesto contra a Alca e a OMC.
No ano de 2003 ocorreram diversas manifestações contra a guerra no Iraque. Os punks estavam presentes e quando chegou no Parque Ibirapuera eles subiram no Monumento às Bandeiras, e hastiaram a bandeira da Anarquia. No final houve confronto com a polícia. Alguns punks estão montando uma resistência para atacar o sistema a partir de 2004. Eles querem destruir estátuas como a do Borba Gato, pois ele foi um exterminador de milhares de índios, pichar muros e igrejas universais com frases diretas e atacar a Rede Globo e empresas americanas.
A violência contra o sistema é e sempre será o alvo do movimento punk. Eles querem acabar com ele e viver a anarquia. A música punk no Brasil se adaptou com o que vivemos aqui. Se na Europa as músicas das bandas falam mais sobre guerra e polícia, no Brasil se fala mais sobre pobreza, miséria, igrejas exploradoras, desemprego, voto obrigatório, etc…
Os punks acreditam na plena liberdade do ser humano, e se declara contra as guerras, a pobreza, autoridade, e todos as desgraças desse país e desse mundo. O punk é uma corrente existente no planeta Terra que defende a idéia de que onde exista injustiças sempre haverá punks lutando.
Conclusão
Os punks são jovens rebeldes que estão inconformados com a situação que estão vivendo. São anarquistas, rueiros e escutam músicas barulhentas, mas com conteúdo muito melhor do que essas músicas de bandas comerciais que a maioria dos jovens anda escutando. É uma contra-cultura, e é no mínimo empolgante, pois é uma porta para o conhecimento da anarquia e uma forma de dizer não a alienação imposta pela mídia e a sociedade capitalista. Eles podem desencadear uma revolta de toda sociedade, se souberem como. O sistema corre perigo, pois estes jovens ainda têm uma longa vida pela frente e ainda vão fazer muito barulho.
PUNK´S NOT DEAD!!!
Bibliografia
Revista Play Music Punk Rock
Revista Psiu
Fanzine Punkada
TRABALHO DE GEOGRAFIA
Aluno: Johni Raoni